Um Raio-X semântico da nova maneira de se comemorar o Dia das Mães nas escolas.
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Não gosto muito de datas comemorativas. O apelo comercial e sentimentalista me enjoa. Como marqueteiro, já fui o cara que não perde uma, para uma boa ação promocional, uma estratégia, uns pontinhos a mais no gráfico de desempenho. Até Papai Noel já fui, influência do meu amigo Daniel Carraro. Mas não sou bom, Daniel é insuperável. Fofura e business.
Mesmo tendendo a repelir datas festivas em geral, defendo a
tradição e a boa vontade dos que as apreciam. O respeito, a confraternização,
as homenagens, tudo faz parte de uma base de convivência social que é
importante para a partilha de bons valores. No próximo domingo, teremos o Dia
das Mães. Eu sempre cumprimento a minha mãe com os meus sinceros “parabéns por
ser minha mãe”. Acho que ela gosta.
As pessoas, pelo menos as mais humanas, celebram datas de alguma forma. Nos
EUA, temos o invejável Dia de Ação de Graças, onde os perus bombados são
fatiados em jantares especiais. Aqui a nossa cultura vira-lata de copiar
o Halloween (business, my Darling, just business) mas até respeito, gosto dos monstros e abóboras, se bem que prefiro o
Dia dos Mortos, tanto aqui como no México.
Mas a turma do Luis Inácio nunca está satisfeita. Não
bastava o acordo ortográfico ridículo da Língua Portuguesa, destruir empresas
lucrativas, mensalão, defesa do aborto, desconstrução de gênero, financiar ditaduras,
também apontaram sua zombaria para a família tradicional. E a estratégia, claro, começa na escola,
aquele ambiente hostil onde as crianças deveriam receber a educação formal.
Nestes lugares esquisitos, vulgo Estabelecimentos de Ensino,
o Dia das Mães e o Dia dos Pais estão sendo substituídos por “Dia de Quem Cuida
de Mim” ou “Dia da Família”. A primeira
opção, imagino, deve ser direcionada às crianças que acreditam ser geradas em repolhos.
Pipocam na mídia os argumentos para tais mudanças.
1 – “Acolhimento e respeito às diferentes constituições familiares presentes na escola”.
Num primeiro momento, nada a argumentar. É um discurso leve
e permissivo, que flui com muita naturalidade nos defensores do fim da família tradicional. Se observarmos mais de perto, enxergaremos o importante
passo na inoculação de ideias de desconstrução anárquica da nossa natureza. Se afastar
a figura da mãe, é mais fácil para qualquer criança aceitar que homem e mulher
são construções sociais, que não há nada de importante em manter a premissa
verdadeira da nossa existência, e que cada um pode ser o que quiser.
2 – “O desconforto da situação”
Lidar com crianças cujos pais não compareceriam à uma
homenagem por motivos de trabalho, ou com crianças órfãs parece ser um fardopesado demais para a turma do gênero sem gênero. Tudo é opressivo e sofrido para esse pessoal.
É mais fácil deixar de lado a mãe de primeira viagem que sonha com esse tipo de
homenagem (culpa do business), para agradar a turma da lacração, sob o pretexto
da abertura e da inclusão no ambiente escolar. O detalhe é que as mães que gostam de
tais homenagens não sumiram, estão por aí, e não são poucas, aliás, são a
maioria. Afinal, todo mundo tem uma mãe.
Até o Luis Inácio, apesar da minha desconfiança de que ele tenha surgido de um repolho.
3 – “A família tradicional acabou”
Essa frase não é uma constatação, é um sonho dos
progressistas. Muitas famílias estão por aí, mesmo que em segunda, terceira, quarta união,
mantendo-se nos propósitos mais elementares do que é ser família. Pessoas
vocacionadas à educação ética, moral e religiosa dos seus filhos são a imensa
maioria. O cenário de terra arrasada dos valores familiares é um blefe,
proclamado aos quatro cantos pelo barulho da militância ideológica feminista, LBGT
e dos abortistas. Lamentavelmente, o silêncio
dos que discordam acaba prevalecendo, e as escolas, e o poder público tomam a
decisão à revelia.
4 – “Eliminação do Aspecto Comercial”
Essa é a mais engraçada. Uma suposta preocupação com a
distorção dos reais valores das datas comemorativas, por causa dos ímpetos
comerciais que eles causam. O comércio é uma consequência, as datas são boas
para o comércio, vivificam a economia e aumentam, inclusive, a arrecadação de
impostos, os mesmos que pagam os educadores. Os mesmos que pagam a turma do
Luis Inácio.
Mães solteiras, mães recasadas, pais solteiros, pais
sumidos, dois pais, duas mães, nenhum pai ou mãe, tudo isso é parte da
sociedade. Não cabe aqui pormenorizar as origens dessas situações. Mas poupar
as crianças da sua realidade com uma mentira construída é o subterfúgio mais
usado por professores, psicólogos, políticos, pais e mães preguiçosos, todos
unidos numa celebração de “quem cuida de mim”, pois assim é mais fácil, ninguém
sofre, e ninguém contesta, fica tudo bem.
A história plantada por aí de que mãe é quem gera, pai é quem cria também já está caindo por terra. Com essas fanfarronices fantasiosas nas escolas, os termos Mãe e Pai estão ameaçados.
Se você é pai ou mãe não se assuste se a qualquer momento receber do seu filho que volta da escola um lindo cartão com a frase: Feliz Dia do Repolho, Te Amo!Sejam Livres.