O cadafalso é a única edificação que a Revolução não demole. (Victor Hugo)
Gage Creed |
Victor Hugo foi um escritor francês nascido em 1802 no deixou uma vasta obra, onde se destacam as peças de teatro. Uma dessas maravilhas é o sensacional texto chamado Os Miseráveis, que demonstra o quanto um ato de generosidade pode mudar a vida de um homem.
Eu nunca li esse texto, mas conheço a história por causa do cinema. Foram várias adaptações para o áudio visual, eu assisti a de 1998, americana, com o ator Liam Neeson, Uma Thurman e outros. Uma grande história, um bom elenco e a moral do texto, certamente não se perdeu. Porém, o fato de eu não ter lido o texto o texto original me tornou refém da imaginação do diretor do filme. Ou seja, quando eu lembro da história de Victor Hugo, associo automaticamente aos personagens do filme, mas quem determinou essas personagens foi a produção cinematográfica.
Minha primeira experiência conflitante da literatura com o
cinema foi no filme Cemitério Maldito, de 1989. Alguns meses antes eu
tinha lido a obra de Stephen King, e foi frustrante perceber a linguagem
cinematográfica amputando o que eu já tinha imaginado para os personagens da
história, apesar de ter gostado, especialmente de Jud Crandall e o do garotinho
da risada sinistra e engraçada, o Gage Creed.
Não é necessário explicar que o crescimento exagerado da
produção áudio visual nos tornou menos leitores. Mas não é só isso, além da
quantidade menor de leituras, a capacidade de imaginar também acabou sendo
dominada pela indústria da mídia eletrônica. Por isso estamos diante de
histórias débeis agora também no audiovisual, que está revisitando obras
antigas, refazendo tudo de maneira grosseira e empobrecendo as possibilidades
imaginativas, antes tão valorizadas tanto na literatura como no cinema.
Mas haveria uma intenção da indústria? Sim a evidente politização
da arte está tornando a imaginação algo praticamente proibido. A imaginação está dando lugar à causas estranhas
de representatividade, que nada tem a ver com talento artístico.
Agora, a cada dia teremos de escolher entre simplesmente
aceitar e continuar consumindo esse lixo eletrônico cheio de ideias de falsa inclusão, onde pouca coisa se salva,
ou vamos ter que mudar nossos hábitos ou voltar aos bons e criativos textos, que
nos dão aquilo que praticamente define a nossa razão de gostar de arte: a
liberdade para imaginar.
Sejam livres.