O Livro "Política é Para Todos" Não Traz Garantias Ao Leitor de Não Passar Vergonha

Advogada lança livro para artistas aprenderem política. Já é Best Seller. 



Foto autoexplicativa. 

A advogada Gabriela Prioli ficou conhecida por participar de um quadro chamado O Grande Debate, da emissora CNN Brasil.  No quadro, ela representava os ideais progressistas contra oponentes mais voltados ao conservadorismo. O quadro era interessante, principalmente quando houveram os embates entre ela e Caio Coppola, que hoje tem um programa na Jovem Pan News.


O que realmente acontece neste tipo de jornalismo é que as imagens dos oponentes são levadas à exaustão, não há a mínima chance de uma convergência final das ideias ou mesmo uma contraposição justa dos termos apresentados. Esses debates jornalísticos são tão úteis quanto olho bonito em gente feia, mas no final ainda é melhor do que as notícias enviesadas e cheias de veneno produzidas pelo jornalismo militante de qualquer lado. 

Há que se ter um certo cuidado, pois corremos o risco de sermos seduzidos pelo canto das sereias.

O que está em jogo não é apenas a análise política dos fatos, mas sim o posicionamento político dos participantes. A partir disso, passa-se à defesa xiita do ponto de vista particular deles.  Eles representam os espectros políticos, porém, as defesas acabam sendo muito pessoais, colocando o jornalismo mais uma vez como um grande “big brother”, e a informação útil se perde no calor das emoções dos envolvidos.  Quando um deles é considerado “vencedor”, ganha o status de pessoa inteligente, mas dependendo do lado, pode ser também comunista ou fascista. A Dilma já explicou, que quem ganhar ou quem perder não vai ganhar ou perder, no final vai todo mundo perder.

Mas é quando a poeira baixa que podemos observar melhor o que pretendem. Gabriela Prioli lançou recentemente um livro chamado “Política é Para Todos”, onde se propõe a ensinar que política é para todos.

Segundo a autora, muitos famosos a procuraram por não saber coisas básicas da nossa política, e nesta matéria até a  bad influencer Anitta é citada, após ter revelado em uma live, ser uma das milhares de pessoas que não sabem para que serve uma prefeitura. Gabriela, gentilmente, explicou para a moça as funções dos poderes no sistema de governo. A instrução de Gabriela Prioli fez efeito, o que podemos notar no vídeo em que Anitta despeja seu conhecimento político solicitando ao candidato Luis Inácio que libere a venda das drogas. Opinião firme e influente, como diz o Splash  

Gabriela está certa, política é realmente para todos, inclusive para pseudo artistas fabricados pela mídia. Gabriela usa do seu lugar de fala, atuando como aquela que desfilou seu diploma de mestrado na USP no carnaval, e nem por isso deixou de ser musa, ou intelectual, ou qualquer coisa do gênero. 

A minha dúvida é se uma matéria de quinta série vai ser útil para o cidadão médio.  Existem muitos níveis de política, e a maioria deles está fora da alçada eleitoral ou do poder público. Existe até a boa política, acreditem.

Quem realmente se importa com o péssimo quadro político em que nos encontramos vai além destas premissas rasas.  Na matéria do Splash, a autora está preocupada com o debate político, não demonstra muita preocupação com o conteúdo.  Uma pessoa do Direito deve ao menos se dignar à narrativas mais profundas sobre os impactos que a boa política vai provocar na sociedade. Mas talvez isso não venda livros. 

A matéria diz que a autora resgatou no livro o papel de professora, que ela sempre gostou de exercer. A julgar pela sua aluna mais famosa, já vemos que obra não traz a garantia básica para quem quer entrar em qualquer discussão: não passar vergonha.   

Obrigado pelas leituras e sejam livres.