Os Cidadãos de Bem, Sem Aspas, Têm Obrigação de Se Manterem Firmes

As redes sociais e a mídia optaram por execrar o cidadão honesto, mostrando-o como hipócrita e demagogo, sempre lançando mão  das aspas da desonestidade.



Apesar de não ficar surpreso, os últimos dias foram um pouco assustadores, até os mais céticos, racionais e frios observadores da nossa vida social devem ter sentido um frio na barriga. 

Em Toledo, no Paraná, um policial militar assassinou 8 pessoas, sendo seis da sua própria família,  antes de cometer o suicídio. Segundo algumas reportagens,  ele passava por um processo de separação, e também por dificuldades financeiras. Já falei sobre Eros aqui. Eros é um problema social que ganha ares de mocinho na mídia, mas afirmo que ele é um dos nossos maiores problemas, e continuará a sê-lo.

Um caso típico de desespero e descontrole, coisas que  diariamente afetam os cidadãos comuns, mas agora atingiu um homem de farda. A imprensa, claro, não deixa de usar as famosas aspas nas suas matérias, como esta aqui, que parece não acreditar na sinceridade da corporação em relação ao ocorrido. Desonrar a polícia é quase obrigação do jornalista boa praça, aquele um que se pendura no empreguinho copia e cola não só no texto, mas no cérebro também. 

Eu também gosto de aspas, por isso não deixarei de usá-las ao citar o caso do tesoureiro do PT morto em Foz do Iguaçu, celebrando seu aniversário, cujo tema era o próprio partido, e Luis Inácio.  Foram tantas manifestações pela paz na política, que não posso deixar de citar essa matéria “emocionante” da BBC , onde um advogado diz  que Arruda participou de um seminário de “combate à violência”. Se os mais jovens precisarem de explicações para as aspas, depois o tio explica.

Essa narrativa da defesa da paz, que se aproveita politicamente dos fatos, é uma forma de construção de um cenário caótico muito pior do que o real. Lógico que não serei eu, um pessimista assumido, a ser o arauto da esperança por aqui, mas até para gente como eu, é fácil entender quando estão forçando a barra.  

Quando vemos as figuras que entregaram  manifestos pela paz ao STF, podemos ter uma mínima noção de que algo está  realmente errado neste turbilhão de emoções provocado com o propósito de dar ao crime uma motivação exclusivamente política. Simone Tebet, Randolfe Rodrigues, Gleisi Hoffman, Jandira Feghali, enfim, pessoas que "inspiram muita paz e tranquilidade".

Na minha opinião, o crime não foi político, pelo simples fato do Partido dos Trabalhadores não fazer política. O que eles fazem é algo bem diferente. Podem perguntar aos familiares do Celso Daniel.

Também fomos presenteados com a notícia medonha do anestesista que estuprou mulheres sedadas em trabalho de parto.  E como bem lembrou a colunista Bruna Frascolla, da Gazeta do Povo, ninguém ficou alardeando a posição política do médico tarado. Exato, pois ele é bem ao estilo new left, ambientalista engajado, inimigo da religião e por associação e interseção, deve ser também feminista.  

Na ficção, personagens crueis sempre foram meus prediletos. Mas nunca os crueis dissimulados, onde a história dava um jeito de justificar sua crueldade. Os verdadeiros malvados, que vivem em plena coerência com suas convicções, inimigos admiráveis, muito raros em tempos como o nosso.  

Na vida real, porém, já vi e senti a crueldade atingir limites quase intoleráveis, e presenciei inúmeras pessoas fazerem as escolhas corretas, mesmo diante de todo o tipo de dificuldade, pessoal, financeira, psicológica. Não havia nenhuma ideologia política por perto, somente pessoas de bem, educadas, com boa índole, fundadas nos melhores princípios.

Quando a imprensa e as redes sociais  tentam nos convencer de que a violência é resultado do jogo político, estão ridicularizando quem toma a decisão certa, colocando o cidadão honesto num balaio de fantoches.

Se você faz parte dos que tomam a decisão de viver corretamente todos os dias, com o melhor do seu esforço e construindo suas virtudes, considere-se um privilegiado, e tente não ser atingido por essas narrativas onde a culpa é sempre do sujeito que se esforça para não se desviar do que é moralmente correto.  

Obrigado pelas leituras, sejam livres e até a próxima semana.