Para iniciar a Semana Santa, vale a reflexão sobre a evidente desonestidade de muitos irmãos, numa exortação nada fraterna.
Foto do site da Pastoral da Juventude. |
Lá no início dos anos 2000 visitei a Pastoral da Juventude
em Curitiba. Iludido pela confiança no próximo, acreditei que eram defensores
dos valores católicos. Mesmo desinformado não pude deixar de notar a bandeira
do Che Guevara logo na entrada da sede em Curitiba. Se não me engano tinha até
umas velas acesas. Achei exótico, tinha dureza, e tinha ternura.
No decorrer da conversa, vieram os convites para participar
do Grito dos Excluídos, uma ação da Pastoral da Terra, do Dia Nacional da
Juventude e outros eventos. Também me explicaram que a pastoral levantava em
suas reuniões discussões como a liberação das drogas e os dilemas do
aborto. Como eu estava sozinho numa sala
com mais de vinte jovens, não questionei. Foi uma reunião para ser esquecida,
mas como podem perceber, não esqueci.
Não é de hoje que agentes da Igreja Católica são alinhados
com o pensamento progressista de maneira não muito discreta. Para eles, em nada
pesa o Catecismo da instituição, nem mesmo a defesa da vida, como professam
outros. Por outro lado, continua sendo uma obrigação moral da Igreja
acolhê-los, pois como sabemos, todos somos doentes de alguma maneira, e é por
isso que estamos na Igreja.
Mas, como humilde blogueiro amador, não disponho de tal
nobreza moral, e abro mão desta obrigação para apontar o dedo a estes que se
dizem “preocupados” com a saúde da mulher, saúde pública, direito de escolha,
liberdade entre outros.
Entre os católicos viúvos da Teologia da Libertação,
a defesa das bandeiras progressistas mais modernas é oculta no discurso da
justiça social. A concordância destes fiéis com a manutenção das teses
socialistas, falidas há muito, não combina com o que se propõe a quem quer seguir
a religião. Sendo a liberação do aborto uma pauta exclusivamente feminista,
estes também a defendem.
A relação adúltera de membros da Igreja Católica com sindicatos,
ONG’s e partidos políticos é a experiência da derrota moral dentro de uma das Instituições
mais importantes da história da humanidade. Essa relação é o contaminante maior
da fraternidade. Uma mentira infiltrada, inclusive, no clero.
Da Igreja Católica,
instituição Divina, que também é humana na tentativa e no erro, e do pensamento
cristão, resultaram belíssimas obras de arte, de arquitetura, maravilhosas teses
filosóficas, e as mais fundamentais e civilizadas bases do pensamento
ocidental. A defesa da vida começa por
aí, na cultura e na apreciação reflexiva de uma história dolorosa e também
gloriosa.
A desconstrução constante destes valores tornam os cristãos
vulneráveis “à qualquer vento de doutrina”, e ao mesmo tempo, a extrema
digitalização da fé no pós pandemia é um fator de distanciamento da experiência
comunitária. Este momento de extrema dependência da internet é a oportunidade
perfeita dos oprimidos de carteirinha, para lançar as sementes das diversas
heresias que defendem.
Não há novidade alguma neste texto. A percepção que eu tive há
20 anos só aumentou com o passar do tempo. Quem defende as bandeiras
revolucionárias nunca se importou com negros, gays, transexuais, sem-terra, meio
ambiente e mulheres. Importam-se somente em desconstruir a civilidade. São
hedonistas e exigentes quanto aos seus próprios prazeres, e querem uma
sociedade sem a dor, por mínima que seja, das regras. E é notório que não
recebem somente a complacência civil da Igreja. Pastorais precisam de dinheiro,
e portanto, além do dinheiro, a estrutura religiosa de arrecadação de almas
fica à disposição dos irmãos vermelhinhos.
A liberação do aborto está crescendo na América Latina. É fácil
entender que, junto com a liberação do assassinato de crianças, vários objetivos
ideológicos se anexam, unidos à pautas feministas, que como sabemos, são
declaradamente inimigas da Igreja. Não há limites nesta guerra, que está inserida,
principalmente, no contexto cultural.
Na igreja está somente uma parte, mas uma parte bem
importante do problema. Já citei aqui outros setores que auxiliam na
disseminação das ideias de desconstrução da civilidade. O alerta para a
reflexão e a participação política dos cristãos está aceso em todos os setores
da sociedade.
Vale, portanto, mais atenção na hora de compartilhar campanhas, seguir lideranças, escolher lideranças e apoiar determinados seguimentos disfarçados de defensores da igualdade e da justiça social.
Nas entrelinhas, há muito mais do que as boas
intenções, das quais, aliás, o inferno está cheio.