A Música de Tina Turner passou desapercebida pela militância de redação, como já era esperado.
Uma das coisas mais asquerosas da Comunicação Social é a permissividade e a relativização barata de fatos importantes. A politização de tragédias, por exemplo, já é parte do manual de jornalismo, se é que existe algum. Essa semana, a música pop perdeu uma verdadeira Diva, Tina Turner.
Eu não lembro qual foi a primeira música dela que eu gostei,
mas tenho boas memórias das rádios tocando Better Be Good To Me, We Don’t
Need Another a Hero, a corajosa versão lenta de Help, dos Beatles
entre outras. Lembro também de ter assistido
ao filme que contava sua história de um relacionamento mais do que abusivo com Ike
Turner. Uma boa produção e teve indicações ao Oscar, que na época era bem
mais confiável.
Tina Turner escolheu
usar a violência que sofreu para nos presentear com performances incríveis, ao invés
de ficar posando de coitada ou fomentando movimentos políticos de segregação. O que pouco se comenta é que também havia a
violência do próprio Show Business, com suas metas incríveis, financiamentos
milionários e maratonas de shows, uma estrutura de enriquecimento de
empresários e uma máquina de moer artistas. Mais adiante, vimos isso com Michael
Jackson, e já tínhamos visto com Elvis Presley e outros.
O que ocorre é que jornalistas militantes destes movimentos
tomam posse da história de vida de pessoas que sofrem, pelo mero prazer sarcástico
de conseguir engajamento, e consequentemente, fama de ser bonzinho e preocupado
com causas sociais, e claro, dinheiro, porque o capitalismo das feministas e
correlatas pode ser perdoado.
Claro que isso não
abala em nada o talento, a intensidade
de Tina Turner. Hoje ela é parte do panteão dos artistas que sofreram as dores
da arte e a violência da vida. A
fabriqueta de divas lacradoras que costumamos chamar de mainstream continuará
tentando, mas jamais nos entregará algo semelhante.
Não precisamos de outra heroína.