A Igreja "Pobre Para os Pobres" Ensina a Caridade Política

O clero militante mostra suas armas na mídia e defende o fim do conservadorismo a qualquer custo, mas sempre com muito carinho.

Detalhes tão pequenos...

Assisti recentemente à duas entrevistas do Papa Francisco, mas somente a mais recente veio à tona na imprensa brasileira, pela sua defesa quase suspeita do atual presidento e também da presidenta que foi deposta em 2016. 

Com um tom harmonioso e apaziguador, o pontífice falou sobre vários temas, inclusive defendeu, de maneira póstuma, a luta de Bento XVI contra os casos de pedofilia na Igreja.  Mas o assunto logo cessou, afinal a imprensa vê em Bento XVI um dos culpados pelo problema.

O papa simpático, latino, que conquistou a simpatia da mídia com sinalizações positivas aos homossexuais logo que assumiu seu pontificado,  mostrou na entrevista seu lado mais romântico com citações poéticas como “É triste ser órfão de minha pátria”.  Esqueceu, porém,  que a poesia é intimamente ligada à fantasia, e acabou colocando o Evangelho de Mateus numa épica comparação do trecho onde Jesus diz “eu estava preso e me visitaste, eu tive fome e me deste de comer”, com as práticas do comunismo. 

É possível que as pessoas que passaram pelos campos de concentração de Stalin, pelas prisões de Ortega e Fidel Castro não concordem. O papa hermano também defendeu Lula e Dilma Roussef, mas não há surpresa nisso, no final, o que importa é a poesia.

Reverberando nesta mesma energia poética, o jornalista, comentarista, pensador e cronista de Big Brother Pedro Bial, conversou com dois padres brasileiros muito populares. Padre Zezinho e Padre Julio Lancelotti.

Padre Zezinho já foi o maior roqueiro deste país. Recentemente, além de exercitar o seu inegável talento para composição, ele tem se espetadocom internautas no Facebook. Padre Julio Lancelotti mantém um trabalho social deassistência aos pobres na cidade de São Paulo.

O programa foi uma homenagem aos dois sacerdotes. Padre Zezinho disse que foi exilado por pedir direito ao voto para os jovens. Podia aproveitar o programa e pedir desculpas.  

Já o Padre Júlio parece um parlamentar do PSOL, usa os mesmos termos como "exercício da empatia", trabalho análogo à escravidão, etc. Inclusive usou a mesma citação de Mateus que o Papa usou na entrevista, e apresentando Jesus como "materialista".  

Palavras como “reconciliação” , “ódio” e “violência política” são usadas com um tom de gravidade que só neste ambiente colorido e poético surtem efeito. Funciona muito bem quando se posiciona a favor dos oprimidos e injustiçados, moedas de troca fácil para que a mídia emocione sua audiência, e os religiosos ganhem mais estrelinhas no caderno. 

Na prática, é pura propaganda para manter a sociedade para sempre sob um pastoreio duvidoso, pois pressupomos que os adultos na fé sabem o quanto é importante a caridade. E  enquanto isso os verdadeiros injustiçados sofrem as consequências de terem sido fiéis ao Evangelho que deveria pertencer a todos.

Feliz Páscoa, para todos, mesmo.