Uma análise feita sob o ponto de vista dos melhores latino americanos da América Latina, que somos nós, os brasileiros do Brasil.
Amigos para sempre |
O regime de Daniel Ortega, além de prender religiosos e opositores políticos, está cassando a nacionalidade e os registros civis dos seus desafetos. A informação está na matéria feita pela jornalista Fernanda Simas, do Jornal Estado de São Paulo
Não é novidade esse tipo de situação no socialismo latino americano. Se o cidadão não tem um registro civil, como vão sentir sua falta? Sim, é isso mesmo, nestas repúblicas federativas e populares, o cidadão que não existe no papel, não precisa mais existir fisicamente. Assim, sua ausência também não será registrada.
A matéria toca num ponto delicado para nós, que fazemos
parte da América Latina limpinha, cujos problemas se resumem em dar pão aos que
tem fome, dar emprego e vagas na universidade sempre com cotas para minorias. Luis Inácio é citado, já que ele não foi solidário com o povo da Nicarágua, negando-se a condenar o regime do
amigo Ortega, um presidente que está no poder desde 2007, e que também tem um Tribunal
Eleitoral para chamar de seu.
Pesquisando um pouco sobre o país, temos a famosa
Revolução Sandinista. Tem esse nome por causa de Augusto Cesar Sandino,
cuja heroica trajetória começa mantando um camponês e fugindo para o México para não ser
preso. Ali ele teve contato com o movimento sindical e retornou para a
Nicarágua para promover uma guerrilha contra os americanos. Não teve muito
sucesso, mas em 1972, um terremoto destruiu boa parte do país, que vivia sob o
regime autoritário dos Somoza. A ajuda internacional chegou, os ditadores desviaram
os recursos e a bomba estourou. A Revolução Sandinista teve orientação do super democrático Fidel Castro.
É na Nicarágua, já nos anos 80, que acontece a famosa cena de João Paulo II exortando publicamente ao líder da Teologia da
Libertação local. Hoje, temos notícias recentes
de padres e bispos presos, e até o Papa Francisco tem se posicionado contra o regime.
A Nicarágua já foi palco de disputas internacionais. Com acesso à dois oceanos, o interesse em construir um Canal no país é antigo, e claro, seria uma injeção de dinheiro numa república com pouco mais de 6
milhões de habitantes. Quando chega neste ponto, quem é político sabe, basta
utilizar aquele sentimento de “soberania nacional” para justificar que se evite
que o progresso chegue, e assim defender seus pobres cidadãos do imperialismo
ianque.
Os discursos de Ortega são muito parecidos com os que temos
por aqui, sempre o "nós contra eles", e "eles promovem o ódio". Chegou ao cúmulo de
perguntar “quem elege os padres, bispos e o Papa? “em evento público.
O regime na Nicarágua é baseado em uma premissa que facilmente se perpetua na América Latina: a ideia de que a libertação dos oprimidos passa por pilantras sindicalistas especuladores, que sabem usar a semântica a seu favor contra aqueles que não possuem, nem nunca possuirão, condição de entender seus discursos. A igreja, ou as igrejas, que poderiam ser oponentes fortes a essas ideias, acabam sendo políticas demais para tomar uma atitude mais concreta, como por exemplo, pressionar o nosso atual governo a cortar relações com os regimes autoritários.
Essas pessoas tem fome e sede de liberdade. Através da liberdade poderemos resolver também o problema da fome de pão. Uma boa dica à CNBB e seus bispos, que sempre estão muito bem alimentados, está no slogan da própria Campanha da Fraternidade deste ano: Dai-lhes vós mesmos de comer.
obrigado pelas leituras e até a próxima!