Uma análise do comportamento de uma sociedade em ebulição eleitoral
Esta é uma análise comportamental. Nela podemos colocar alguns
atores sociais no banco dos réus ou no divã dos psicanalistas. Politicamente falando, o Brasil vive um momento de decisão
histórica, onde as opções que se apresentam são completamente distintas, pela
primeira vez, com um certo conhecimento de causa, o que não ocorreu em 2018.
Naquele ano, não havia nenhum tipo de suspeita sobre o que
aconteceria, e o pleito teve um ponto fora da curva, que se chama Jair Bolsonaro.
Naquele momento não havia, desde a
redemocratização, um histórico de governo que não fosse socialista, social
democrata ou trabalhista, no pior sentido de todos esses termos. Para a
maioria, portanto, isso é o que se entendia como realidade política.
Doce Ilusão
Agora, a maioria das pessoas já sabe, já viveu, pesou e,
supostamente, mediu os termos e circunstâncias para tomar sua decisão. Isso
seria muito bom, se fosse verdade.
Apolíticos, mas não muito
Ainda há uma parcela imensa que não se importa com política.
Que acredita que isso seja apenas um motivo de bate boca ou paixão. Essa parcela é formada pelos apertadores de
botões que não tomam suas próprias decisões. Alguém o faz por eles. Quem seria o real tomador de decisões? Esta é a pergunta de 1 milhão, e que todo
marqueteiro político gostaria de saber a resposta.
Amarga Ilusão de Inteligência
Existe também a parcela que se importa, mas não compreende a
política. Essa parcela une-se à uma parcela
maior, iludida ou mal intencionada que acredita que a política é apenas uma
maneira de se tirar vantagem pessoal, defendendo alguma bandeira ideológica. Essas parcelas tem suas ideias temperadas
pelos seguintes agentes:
Preguiça e Estado Paternalista
O imaginário popular, ao contrário do que pensa a
comunicação social, não é recheado de estatísticas socioeconômicas. O “povo”,
como gostamos de falar, é afeito às experiências que proporcionam a ele uma sensação
de ser o alvo das preocupações do poder público. Isso foi valorizado ao extremo
no Brasil, nos últimos 36 anos.
O Resultado é uma parcela da população que acredita que o
Estado deve tomar as suas dores e resolver todos os seus problemas. Hoje temos
um sem número de programas sociais assistencialistas. O povo é uma criança que jamais
vai conseguir engolir alimento sólido.
Institutos de Pesquisa
Mais um vexame destas instituições. Os formatos das pesquisas são os mesmos
utilizados para o mercado no cotidiano. Mas as pesquisas precisam de algo mais
para tornarem-se um fator de influência na decisão de alguém. A mídia.
Consórcio de Imprensa
Consórcio de Imprensa é um absurdo que eu não esperava ver em
vida. Veículos que deveriam ser concorrentes que se digladiam por informação
privilegiada unem-se em prol de uma ideia. Coincidentemente uma ideia que se
adequa à já explicada preguiça e um estado paternalista. Depois disso surge uma enxurrada de
factóides, junto com as tais
estatísticas socioeconômicas, que servem para dar à audiência a sensação de
perigo, de desconforto, de urgência.
O medo continua sendo um grande aliado no convencimento das
massas.
Sistema Educacional
A dificuldade de compreensão de textos, a falta de leitura sensorial de situações, a
aceitação de verdades prontas e confortáveis, a negação de verdades históricas
sob pretexto da luta de classes ou justiça social, todos esses são fatores que
se empilham embaralhando a decisão dos mais distraídos, e principalmente dos
mais jovens, que ainda não possuem embasamento argumentativo suficiente para
apreciar a situação com um olhar menos emocionado.
Minorias Opressoras
A linguagem precisa atender às demandas de uma minoria da
população? Os banheiros precisam ser adaptados para uma minoria? Todos os
produtos e serviços do mercado precisam atender à demandas de minorias que se
consideram injustiçadas? Essas questões são mal colocadas, mal respondidas e
mal interpretadas em todos os debates políticos. O pleno entendimento destas
situações está nos projetos propostos e nos planos de governo, que são
influenciados por movimentos pró minorias que as usam como moeda de troca
política.
Encerrado agora há pouco o primeiro turno das eleições. Diferente de outros anos, houveram muitos
problemas nas seções eleitorais, contrastando com todo o discurso do TSE,
que já tinha comprometido o pleito quando seus perfis nas redes sociais
começaram a curtir posts de esquerda. No
fim, a paz reinou e é o que importa, por enquanto. Fica por hora, o alerta que se
esconde sob a luz própria da Justiça eleitoral.
E todos esses fatores que foram colocados aí, se desdobrados e pormenorizados numa análise reflexiva e bem detalhada, podem demonstrar o motivo de tantos brasileiros ainda acreditarem em velhas mentiras repetidas.
Não haverá paz tão cedo, e talvez seja por isso que a política seja tão atraente.
Obrigado pelas leituras e sejam livres.
obrigado