Os Mártires do Natal

Uma reflexão tardia sobre as entrelinhas da beleza dos presépios.  



Imagem Blog Senhor Bom Jesus 





Estamos na festa cristã de maior impacto social do planeta. A celebração do nascimento de Cristo envolve os mais diversos aspectos da vida de quem vive no ocidente, e opta por seguir, de alguma forma, os preceitos cristãos.

A nobreza das mensagens disparadas digitalmente (como essa) é o resultado do que aconteceu há dois milênios, na cidade de Belém, no Oriente Médio. O nascimento do Messias acontecia conforme os profetas anunciaram, e torna-se difícil não se envergonhar com o cenário de pobreza, contrastando com o luxo dos presépios que enfeitam lares, lojas e igrejas.

A alegria de um povo sofrido com a estrela que brilhou no céu de Belém, guiando os mestres do Oriente para encontrar o rebento na manjedoura, era certamente o colorido que mais destoava do tom sereno, lúgubre e conformado do espírito uma mãe jovem, que sabia o que estava por vir.

Maria sabia. Os profetas sabiam. Quem conhecia as profecias sabia. A criança na manjedoura seria a espada que dividiria a história da Humanidade.

Herodes também sabia. Ao saber do nascimento do Messias, tomou uma decisão drástica  para que seu reinado não fosse ameaçado. Mandou executar todos os primogênitos da região. Naquela noite, enquanto um Anjo avisava José em sonho para fugir para o Egito, o Anjo da Morte carregava milhares de pequenas almas, e também de mães e pais que resistiram, diretamente para a presença do Criador. O Natal, em Jerusalém, há dois mil anos, já estava banhando em sangue.

Os mártires inocentes morreram no lugar de Jesus de Nazaré. O filho de Deus que ao fim de sua vida pública derramaria seu próprio sangue certamente sabia, e no Monte das Oliveiras certamente sentiu o peso de uma responsabilidade inatingível a qualquer um de nós, deslumbrados com as luzes coloridas desta época.

Ao celebrarmos a data romana do solstício de verão, somos cercados pelas mensagens de governos, bancos, marcas de perfume e refrigerantes com a beleza comercial de um Natal que ajuda e se solidariza com os mais pobres. Uma troca que consideramos justa após doze meses de trabalho duro, estudo e problemas dos mais diversos para resolver.

É lugar-comum dizer de que a festa comercial do Natal não é a que realmente interessa. Todos sabem disso. No entanto, lembrar do sangue derramado dos inocentes pode nos ajudar a nos afastar espiritualmente daquilo que, no final de tudo, é realmente só mais uma data de filantropia e feriado.


Cada alma é livre para escolher como melhor celebrar.


Um Feliz Solstício de Verão a Todos.


Allan Jones.